Azia frequente, queimação no peito e dificuldade para engolir são sintomas comuns do refluxo gastroesofágico. O problema, se não tratado, pode evoluir para complicações graves, como o câncer de esôfago — situação que, em alguns casos, exige até a retirada completa do órgão.
O esôfago é o tubo que leva alimentos da boca até o estômago. Na parte final dele, há uma válvula natural chamada esfíncter inferior, que impede o retorno do conteúdo ácido do estômago. Quando essa válvula falha, o ácido sobe e agride a parede esofágica. A exposição constante leva a lesões repetidas, o que pode causar alterações celulares e, com o tempo, desenvolver uma condição chamada esôfago de Barrett — considerada pré-maligna.
Segundo especialistas, esse quadro pode evoluir para o adenocarcinoma, um dos dois tipos mais comuns de câncer de esôfago. O outro é o carcinoma espinocelular, mais relacionado ao tabagismo e ao consumo de álcool. Já o adenocarcinoma tem como principais fatores de risco a obesidade e o refluxo crônico.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de esôfago é o sexto mais comum entre os homens no Brasil e o 15º entre as mulheres. As estimativas apontam para cerca de 10.990 novos casos ao ano, com alta taxa de mortalidade — chegando a 76,7%.
Os sintomas do câncer costumam aparecer apenas em estágios avançados e incluem dificuldade progressiva para engolir alimentos, inicialmente sólidos e depois líquidos, além de perda de peso. O diagnóstico é feito por endoscopia, que permite a visualização do interior do esôfago e a coleta de material para biópsia.
O tratamento costuma combinar cirurgia, quimioterapia, radioterapia e, em alguns casos, imunoterapia. A retirada total do esôfago é considerada de alta complexidade e só é indicada para pacientes em boas condições clínicas e nutricionais. Nos casos iniciais, a chance de cura pode chegar a 40%. Com metástase, a taxa de sobrevida em cinco anos cai para menos de 5%.
A principal forma de prevenção é o controle dos fatores de risco: manter o peso adequado, evitar cigarro e álcool, e tratar corretamente o refluxo. Especialistas recomendam que pessoas acima dos 45 anos, com sintomas persistentes como azia e queimação, procurem avaliação médica e considerem realizar uma endoscopia.
“Identificar e cuidar da doença do refluxo pode fazer a diferença entre evitar um câncer ou precisar de uma cirurgia radical no futuro”, alertam os médicos.
*Com informações da Folha de São Paulo