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Eleições na Venezuela: resultados saem só na madrugada e órgão eleitoral alega ataque; oposição faz contagem paralela

A expectativa era de que os números fossem divulgados no mesmo dia da eleição, que ocorreu neste domingo (28), assim como aconteceu em 2018. Órgão eleitoral alegou que \"agressão ao sistema de transmissão de dados\" atrasou divulgação. Oposição fala

Publicada em 29/07/24 às 10:36h - 41 visualizações

por G1


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Homem agita bandeira da Venezuela em Caracas — Foto: Leonardo Fernandez Viloria/Reuters  (Foto: )

Os resultados eleitorais na Venezuela saíram apenas na madrugada desta segunda-feira (29), por volta de 1h da manhã no horário local, contrariando as expectativas de que saíssem ainda no domingo, quando ocorreram as eleições.

Em 2018, ano das últimas eleições venezuelanas, os resultados que deram a presidência para Nicolás Maduro foram divulgados no mesmo dia, poucas horas depois do encerramento das votações.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão que apura e divulga os resultados eleitorais, atribuiu a demora na divulgação dos resultados a uma "agressão contra o sistema de transmissão de dados que atrasou de maneira adversa a transmissão dos resultados dessa eleições presidenciais".

Após a resolução do problema, o órgão informou que, com 80% das máquinas de votação apuradas, foi possível perceber a tendência "contundente e irreversível" que mantem Maduro no poder por mais seis anos. Segundo o CNE, o presidente recebeu 51,2% dos votos, contra 44,2% do candidato da oposição, Edmundo González.


Minutos depois do anúncio pelo CNE, Maduro fez seu primeiro pronunciamento e falou que o site do órgão sofreu um "ataque hacker" numa tentativa de "evitar que a população tivesse acesso aos resultados".

Maduro diz que já governo já sabe que país coordenou o ataque.

O CNE afirmou que já solicitou que seja iniciada "uma investigação sobre as ações terroristas perpetradas contra nosso sistema eleitoral, contra os centros de votação e contra os funcionários eleitorais".

Oposição questiona resultado e diz que seu candidato venceu

A legislação venezuelana exige que o CNE seja um órgão imparcial, mas a oposição afirma que isso não acontece e que o resultado foi fraudado.

A líder da oposição, Maria Corina Machado, alegou que foi Edmundo González quem ganhou as eleições, em coletiva de imprensa concedida pouco depois do anúncio dos resultados.

Corina diz que a participação na votação foi "histórica" e que quatro auditores independentes mostram que González foi o vencedor das eleições em todos os estados.



"Todo mundo sabe o que aconteceu aqui", afirma Corina, falando que o próprio governo, a comunidade internacional e o povo venezuelano sabem que o resultado verdadeiro é a vitória da oposição.


Segundo a líder política, as pesquisas de boca de urna mostram uma vitória de González por 70%, contra 30% de Maduro, no que seria a maior vantagem histórica.


A oposição diz já ter acessado 40% das atas de votação - um documento que mostra os dados de votação em cada mesa eleitoral - e pede que a população continue acompanhando a liberação das outras atas.


Mesmo antes da divulgação de qualquer informação pelo CNE, González indicou acreditar que as urnas indicam vitória: "Os resultados são inocultáveis. O país escolheu uma mudança em paz".


Ao lado de González, María Corina Machado pediu uma "vigília" nos centros de votação para garantir uma contagem própria dos votos.


Ambos fizeram apelos para que seus apoiadores cobrem as atas de todas as urnas, para que a oposição consiga comparar os resultados de sua apuração com os que serão divulgados pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão que comanda o processo eleitoral.


A opositora Delsa Solórzano, ex-deputada, denunciou ao lado do porta-voz da campanha que alguns centros não estavam emitindo as atas, para impedira contagem que, supostamente, daria a vitória a González.



Divulgação atrasada


Pelo calendário oficial do CNE, a contagem dos votos e a proclamação do resultado poderia acontecer entre domingo (28) e segunda-feira (29). Na eleição de 2018, na qual Nicolás Maduro foi reeleito para seu 2º mandato, o anúncio foi feito no mesmo dia da eleição.


À agência de notícias Reuters, o procurador-geral da República da Venezuela, Tarek Saab, disse que os resultados deveriam ser divulgados na noite deste domingo.


Em discurso a apoiadores de Maduro, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, indicou que os resultados seriam divulgados nesta segunda-feira (29).


"Que devemos fazer? Esperarmos aqui, com muita calma, o dia 29 de julho, que é em poucas horas. Em qualquer momento o CNE dará o resultado como está acostumado a fazer."


Poucos minutos antes da coletiva de imprensa do CNE que anunciou a vitória de Maduro, o próprio presidente compartilhou um link direcionando para o pronunciamento do órgão.


Confusões ao longo do dia


Durante o dia, Confrontos foram registrados na cidade de Táchira, no oeste do país.


De acordo com a oposição, o comparecimento às urnas era de 54,8% até 2 horas antes do encerramento da votação. Caso esse número se confirme, ele estaria 12 pontos percentuais acima da eleição anterior, de 2018. O voto não é obrigatório na Venezuela.


O dia foi marcado por longas filas em algumas seções eleitorais, mas não foram registradas intercorrências graves ao longo de todo o período de urnas abertas.


Em 2018, o presidente Nicolás Maduro, que tenta o terceiro mandato, havia recebido 6.248.864 votos, sendo eleito com 67,85% dos votos válidos. A votação teve a participação de 46% do eleitorado. O processo eleitoral foi contestado pela oposição e por entidades internacionais.


País em crise


Maduro entrou na disputa em um contexto de profunda crise econômica e humanitária na Venezuela. Em 10 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) venezuelano teve uma queda de 80%, levando mais de 7 milhões de pessoas a deixarem o país.



Pela manhã, após votar, Maduro afirmou que reconheceria o árbitro eleitoral e garantiria que os resultados fossem respeitados. Em 17 de julho, ele declarou que o país poderia enfrentar um "banho de sangue" e uma "guerra civil" se não fosse reeleito.


Por sua vez, ao deixar o local de votação, González disse acreditar que as Forças Armadas venezuelanas respeitarão o resultado. Ele foi escolhido para encabeçar a chapa depois que as opositoras María Corina Machado e Corina Yoris foram impedidas pelo regime de Maduro de concorrer.


Repercussão


Por volta das 21h, o assessor especial da Presidência Celso Amorim, que acompanha a eleição presidencial da Venezuela em Caracas, afirmou que houve participação expressiva dos eleitores e que espera que "todos os candidatos" respeitem o resultado do pleito.


Javier Milei, presidente da Agentina tuitou, na rede social X: "Ditador Maduro, fora". A chanceler do país, Diana Mondino, disse em suas redes sociais que a "diferença de votos contra a ditadura chavista é muito grande" e que o governo do atual presidente Nicolás Maduro perdeu em todos os estados.


Milei afirmou que não vai reconhecer o resultado caso o CNE declare Maduro vencedor.


Já o presidente chileno, Gabriel Boric, escreveu que "a entrega dos resultados desta eleição transcendental para a Venezuela devem ser transparentes, oportunas e refletir integramente a vontade popular expressa nas urnas".


Mais cedo, chanceleres de Argentina, Costa Rica, Equador, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai divulgaram um comunicado pedindo uma "contagem de votos transparente, que permita verificação e controle de observadores e delegados de todos os candidatos. A nota faz coro aos pedidos da oposição para que seus fiscais permaneçam nos centros de apuração e cobrem as atas de todas as urnas.


subsecretário dos Estados Unidos para a América Latina , Brian A. Nichols, escreveu em suas redes sociais que a população votante da Venezuela participou em grande número das votações e que, agora, cabe às autoridades eleitorais "garantir a transparência e o acesso a todos os partidos políticos e a sociedade civil à tabulação dos votos e a pronta publicação dos resultados"




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