A Palavra de Deus afirma que o mundo jaz no maligno [1 João 5.19-21]. Sendo assim, há muitas armadilhas para atrair os jovens, na atualidade: drogas, pornografia, álcool, música, sexo, cigarro. O objetivo é simples: afastá-los da presença do Senhor.

Por isso, a educação dos filhos é um grande desafio para os pais cristãos. “Algumas pessoas acreditam que não há manual de instrução para a criação dos filhos, mas não é verdade”, observa a pastora Késia Sodré, da Igreja Altomonte, no bairro Consolação, Vitória (ES), acrescentando que a Bíblia, que é a Palavra revelada de Deus, traz instruções de como os pais devem forjá-los.

Ela lembra que o livro de Provérbios traz valiosas advertências quanto à imoralidade sexual e a devassidão, além de importantes orientações sobre caráter, obediência e honra. Dessa forma, Késia acredita que a melhor maneira de educar os filhos, preparando-os para que não caiam nas armadilhas mundanas, é fazer com que conheçam na Palavra a vontade de Deus. “Assim, saberão o que agrada e desagrada ao Senhor quando, desde pequenos, forem instruídos nos ensinamentos bíblicos para saber como agir diante de situações delicadas”.

A pastora expõe, no entanto, que não existe uma fórmula mágica ou receita de bolo que garanta que os filhos não consumirão pornografia, álcool ou drogas, por exemplo, nem se envolverão em relacionamentos prejudiciais. Em contrapartida, enfatiza que os pais têm as ferramentas necessárias para educar bons filhos a partir das Escrituras, que englobam instrução, disciplina e correção.  

Além disso, Késia inclui o poder da oração como forma de blindar os filhos. “Ao colocar os ensinamentos da Bíblia em prática, os pais conseguirão educar bons filhos que saibam lidar com temas sensíveis, sendo preparados para se posicionar”, conclui Késia.

Presença e observação

A psicóloga Ana Paula Cunha destaca a presença e a observação dos pais como pontos cruciais na educação. “Parece pouco, mas, em um mundo contemporâneo cheio de papéis concorrentes, esse é um desafio”, afirma e pergunta: “Com pais e mães ocupados, com rotinas corridas, e crianças e adolescentes recebendo tablets, celulares, para se ‘distraírem’, enquanto eles cumprem tarefas, o que pode ser mais importante que olhar nos olhos e ter tempo de qualidade com a criança e o adolescente? Você o conhece?”

Nesse sentido, a especialista aconselha a abordagem de temas delicados de acordo com a idade e a maturidade dos filhos e sem tabus. É preciso manter um diálogo franco com eles, para que não tenham medo de falar sobre o que querem: desejo, sexualidade, cigarro e drogas lícitas ou ilícitas, que estão cada vez mais próximas de crianças e adolescentes.

Ana Paula salienta ainda que, na adolescência, o jovem tem a necessidade de validação do grupo. Então, os pais devem estar atentos e se aproximar dos amigos dos filhos, como também sempre que possível realizar eventos em casa ou na companhia deles. Além disso, “conversar sobre o projeto de vida, o que inclui a formação e que tipo de relacionamento afetivo amoroso eles desejam para a vida”.

Valores e autonomia

Outro ponto ressaltado por Ana Paula é a autonomia, que é essencial para o desenvolvimento psíquico e emocional da criança e do adolescente, que deseja mais liberdade. No entanto, no processo de formação dos filhos, é importante o ensinamento de valores, para que realizem boas escolhas.

“Eles observam os pais, e o conselho ajuda, mas o exemplo arrasta”, comenta Ana Paula, afirmando que, se os valores forem interiorizados, irão auxiliá-los no momento de tomar as decisões que surgirão no dia a dia. Entretanto, “cobranças exageradas ou superproteção podem afastar o relacionamento”.

A psicóloga reforça, ainda, que os pais precisam compreender que os filhos não são deles. “Eles devem ser criados para serem pessoas que contribuam para a sociedade em que vivem”, pontua Ana Paula e complementa: “É preciso auxiliar, apoiar, transmitir valores humanos, como empatia e amor, dar limites, que é uma atitude de amor, pois pessoas sem resistência à frustração terão mais dificuldade de lidar com as questões cotidianas com equilíbrio”.