Após pressão internacional e da oposição venezuelana, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro se pronunciou sobre as eleições no país vizinho. Na nota, emitida nesta segunda-feira (29), a pasta elogia o “caráter pacífico” com que o pleito foi conduzido neste domingo (28); contudo, afirma que só reconhecerá ou rejeitará o resultado após o Conselho Nacional Eleitoral publicar as atas com os dados de cada mesa de votação.
– O governo brasileiro saúda o caráter pacífico da jornada eleitoral de ontem na Venezuela e acompanha com atenção o processo de apuração. Reafirma ainda o princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados. Aguarda, nesse contexto, a publicação pelo Conselho Nacional Eleitoral de dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito – declarou o Itamaraty.
Assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para assuntos internacionais, Celso Amorim está em terras venezuelanas para acompanhar o processo. Sua missão se encerraria nesta segunda-feira (29). Entretanto, diante das denúncias de fraude envolvendo a vitória de Maduro, ele permanecerá no país caribenho até pelo menos esta terça (29).
Sua intenção é buscar representes do governo Nicolás Maduro, observadores internacionais de outros países e dirigentes da oposição para debater as eleições venezuelanas antes de retornar ao Brasil, a fim de obter informações mais sólidas antes de alinhar qual será a posição brasileira sobre o pleito no país vizinho.
– Sou amigo de César, mas sou mais amigo da verdade. Estou procurando a verdade. É meio difícil ter a proclamação do resultado com solenidade sem ter a transparência, a disponibilidade das atas. O sistema não permite manipulação. A dúvida que pode haver é se o total [de atas] corresponde ao que de fato cada mesa produziu – afirmou ele, segundo informações do jornal O Globo.
RESULTADOS
Na madrugada desta segunda-feira (29), o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) anunciou a vitória do ditador venezuelano Nicolás Maduro, garantindo seu terceiro mandato consecutivo. No primeiro boletim oficial sobre o pleito, o órgão eleitoral afirmou que, com 80% da apuração total dos votos, Maduro tinha 51,2%, contra 44,2% do principal opositor, Edmundo González Urrutia.
Liderada por María Corina Machado e Urrutia, a oposição disse que não teve acesso às atas eleitorais e denunciou fraude, apontando que o Conselho Nacional Eleitoral é controlado pelo governo chavista.
– Sabemos o que aconteceu hoje. Neste momento, temos mais de 40% das atas. Estamos recebendo todas as atas que o CNE transmitiu e todas as informações coincidem que Edmundo recebeu 70% dos votos e Maduro 30% dos votos, essa é a verdade. E essa é a eleição com a maior margem de vitória. Parabéns, Edmundo – destacou Corina.
Urrutia se pronunciou em seguida, garantindo que não descansará até que a vontade dos venezuelanos seja respeitada.
– Os venezuelanos e o mundo todo sabemos o que aconteceu hoje. Aqui foram violadas as normas já que não foram entregues todas as atas. Nossa mensagem de reconciliação segue vigente. Nossa luta continua e não descansaremos até que a vontade do povo de Venezuela seja respeitada – assinalou.